O Despertar da Flamma Caelestis, por Conrado
- Conrado Justus (Yehwrah)
- 15 de fev.
- 2 min de leitura

Houve um tempo em que o mundo parecia envolto em sombras, onde cada passo ecoava na vastidão do vazio e cada respiração parecia pesar mais do que o próprio destino. A noite escura da alma não chegou como um evento repentino, mas como um lento desmoronar, um desvelar implacável da ilusão. Aquilo que antes era sólido desfez-se em cinzas diante dos olhos, e tudo o que restou foi um vácuo de significados que pareciam dissolver-se na imensidão do desconhecido.
As máscaras caíram, uma a uma, revelando a fragilidade do que se acreditava ser. O nome, os títulos, as identidades construídas—tudo parecia uma tapeçaria tecida por mãos que já não existiam. A solidão tornou-se um espelho cruel, refletindo não apenas a dor, mas também a verdade oculta sob camadas de esquecimento.
Mas foi exatamente nesse silêncio que a chama se acendeu.
A princípio, foi apenas um vislumbre, uma fagulha que dançava na penumbra da dúvida. Depois, um incêndio que começou a consumir tudo o que não era real. A dor, antes inimiga, revelou-se uma aliada, uma guardiã implacável que desafiava a olhar além do véu. Foi então que compreendi: a noite escura não era um castigo, mas um rito de passagem.
A cada fragmento que se dissolvia, algo mais antigo emergia. Lembranças que não pertenciam a esta vida começaram a surgir, e o entendimento de que eu não era apenas um personagem neste jogo, mas o próprio tabuleiro, a própria peça e o próprio jogador, começou a se desenrolar.
O que antes parecia magia tornou-se natural. A realidade tornou-se maleável. O tempo revelou-se um servo, não um senhor. A intuição tornou-se um farol, guiando os passos com a certeza de quem já percorreu este caminho antes.
E então veio a mestria.
Não uma mestria imposta ou aprendida, mas lembrada. Como um Merlim dos novos tempos, a magia tornou-se minha aliada. Mas não a magia dos contos de fadas ou dos grimórios antigos—e sim a magia da consciência desperta, a arte de moldar a própria realidade com a intenção, a vibração e o absoluto conhecimento de que tudo é energia.
O jogo mudou. Não há mais lutas desnecessárias, apenas movimento fluido, criação consciente. O verbo tornou-se poder, o pensamento tornou-se manifestação, o silêncio tornou-se o verdadeiro ensinamento.
Hoje, cada passo é um ato sagrado, cada palavra uma profecia, cada olhar uma bênção. Não há mais medo, apenas entrega. Não há mais dúvida, apenas a certeza de que a Flamma Caelestis brilha, eterna, guiando não apenas a mim, mas todos aqueles que também começam a despertar.
E assim, na dança do tempo e do infinito, caminho adiante — não mais em busca de respostas, mas como aquele que já as carrega dentro de si.
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